O humilde trovador das belezas de nossa terra

Saudações

mmm/junior

Ecá esseminino, pialá, paresqui um sepo de temporá. I nessa época é inté pirigoso raio! Oiá lá nu mamão (Municipio de Chapada dos Guimarães). Lá prás bandas da Chapada, exotrodia, a cumadre da minha madrinha, Dindinha, foi tingida por um raio, que inté roxeô, i na hora! Figa Vige Vôte, Nossa Sinhora! Nem é bom lembra dissu. Jisus, Maria, José! Que nos proteja

A Força da Fala no dizer cuiabano (1985).

Corpo e alma

Moisés Martins

Apodreceu minha alma
faminta de fantasias
sedenta de sonhos
esturricada de ilusões .

Inerte ficou
na estrada do tempo
virou poeira levada pelo vento.
Mas exala cheiro de poesia.

Não deixe sua alma envelhecer
com o corpo!
Alimente-a
com poesias e fantasias
e mesmo ilusões .

Afinal o que é
a vida!

Pássaros

Ofendido de morte
por um balaço cruel,
o pássaro agonizante,
o pássaro agonizante,
agarrou-se a um fio de luz
olhando para seu vilão,
imitando Jesus,
cantou-lhe uma bela
e última canção

A pedrada do menino
cegou, o pobre pássaro
que conseguiu voando, no cantar chorar.
Hoje homem,
não conseguiu apagar,
das lembranças da vida
nem desapareceu do ouvido
aquele lindo e dolorido
cantar

No Vôo rasante
de peito e asas abertas
plumando docilmente
o pássaro, massageia
o vento

Não tendo como se beijarem
nem por isto, deixaram de se amarem
dois pássaros apaixonados.
Olharam-se, na carícia do olhar
cantaram canções de amor, ao trinar.
Dão as mãos batendo as asas
e vão construir um ninho !

Os pássaros
apesar de voarem
em revoadas
com muitas passaradas
vivem na solidão

Não seria o poeta , um pássaro ?
Voa nas asas das penas,
dos sonhos toma cores
no colorido das fantasias
faz da poesia um canto.
É solitário com uma multidão
de palavras !MMM/Junior



Tempo e Vento

Moisés Martins

“Este senhor vento
soprou entre os dentes da primavera
brisas refrescantes,
aplacando o calor
da senhora Terra,
no seu tempo de menopausa”

“Envelheci
na juventude do tempo,
onde minha vida
passou como vento,
rápido deixando rastros
de vento no tempo
“Nos olhos do tempo
mensagens ficaram gravadas.
Algumas graniticamente,
outras nas páginas do vento”.

Dimensões

Moisés Martins

Estou partindo para outra dimensão misteriosa,
deixando atrás muita coisa à fazer,
mas esperando que melhor você faça , se és laboriosa,
aquilo que aqui me fez fenecer.

Adentrando a caminhada prossigo sozinho,
entretanto, estarei lá tentando soerguer ,
a preparação do acasalamento de um novo ninho,
para, no aconchego do novo lar, com amor te receber.

Tenho certeza, não conseguirei ainda a tarefa terminar,
pois novas dimensões, estão a me surgir,
o retorno nas várias formas da vida a pulular,
nas perspectivas, qual teias se projetam no porvir.

Os dentes da engrenagem sempre ocupam ,
os espaços que já estiveram a ocupar,
nesta roda viva da vida ,

lhe digo não chores minha partida
é inadmissível, a morte com tantos
estágios na vida a escalar

talvez nos encontremos ,
neste percurso da sua chegada e minha saída.

Vida, morte, num circulo contidas,
figuras geométricas, perfeitas, sem fim
contendo o Universo no bojo, e as vidas,
no bojo contendo o Universo, o tudo enfim.

Onde está , o centro, o limite a periferia,
qual seu tamanho, onde começa , onde termina?
Terminas no começo do ontem que iniciaria,
ou começas no término do hoje que se finda?


Minha casa geminada, qual a alma do meu povo
uma porta, uma janela,
de trancas e tramela.
Testada vermeia, azul amarela.
Feita de frente pro sol poente.
Calçada alta, prá tchuva escorrê.
Uma cancela que sempre geme,
Quando tchega tchgente!
Chão batido, no canto um pôte cô a bera quebrada.
Uma foinha na parede pendurada,
Cô a fotografia de São Jorge Guerreiro
Prá nos protegê,
De quebrantu, arca-caída e mau oiádo.
Minha casa não é só casa, minha casa e um lar
De braços abertos prá quem passar
De braços abertos prá quem chegar.”     MMM/Junior

Cuiabá de trancas e tramelas. Compilação de artigos publicados em jornais.

 

Águas

Letra e música de: Moisés Martins.

ÁGUA É FORÇA
ÁGUA É AMOR
ÁGUA É VIDA
LÁGRIMAS DO NOSSO SENHOR!

ÁGUA DO POTE
ÁGUA DO RIO
ÁGUA DA BICA

ÁGUA DE CÔCO
ÁGUA QUE CORRE
ÁGUA QUE FICA

ÁGUA DE CHUVA
LAVANDO A SAUDADE
DOS ÓIOS
DA MORENA BONITA

AS ÁGUAS NASCEM NO COLO DAS SERRAS
CRESCEM NOS RIOS
SEMPRE A ROLAR
FECUNDAM A TERRA
BEIJAM CIDADES
MORRENDO NOS BRAÇOS DO MAR!

(primeiro lugar no festival de rasqueado de 2005)
recebendo prêmio de: primeiro lugar
interpretação
e arranjo.
Valor do premio: R$. 7.000,00 (sete mil reais)

Sinfonia chapada

Moisés Martins.

Chapada é uma orquestra
Interpretando sinfonias de amor!
Canta nas brisas que vasculham
Nas matas pauta palmas dos buritis e palmeiras.

No ritmo do chocalhar das cachoeiras,
No murmúrio dos corichos
Lambendo as palmas dos coqueiros.
O vento assobiando,
Pela fresta da casinha de sapé,
O choro do angico,
Fervendo água prá fazê café.

Canta no palco das suas cordilheiras,
Paredões, ecos, sons.
As cores do arco-íris, as asas das borboletas,
Vagalumes, propiciam a iluminação,
A iluminação, a iluminação!

O espírito da Chapada,
incorpora no espírito da terra,
Nas curvas das estradas, pelos vales verdejantes, vaga!
O Senhor é meu Pastor, nada me pode faltar!
O Senhor é meu Pastor, nada me pode faltar!

É a Sinfonia entoada, pela orquestra,
Regência terra mãe…
Melodia dos riachos…
Contralto das cachoeiras…
Da seriema o tenor,
Barítono do vento,
Baixo do trovão!
Sinfonia Chapada, dia e madrugada
Sinfonia Chapada, terra de todos os sons!

Tchupa-Tchupa

Moisés Martins

Chegava no avião da Panair todo tocera,
Se instalava no “Grande Hoté”.
Viador digoreste,
Que nem curim-pam-pam na teipa.
Brilhantina “Roiar”no cabelo,
“SS” cento e vinte, terno branco,
Palácio das Águias, meninas do Candieiro.
Cochicho, chicho, ele chegou
De carne cô banana,
A Maria Izabé,
O maior comedô!
Óio de mamona no cabelo
Cinturita, raspa sovaco,
Oia no espeio, se apronta toda,
Prá passeá cô pau rodado.
Leva agente pro Coxipó
Chupa, chupa, esfola, esfola.
Slep, slep, que nem chicrete.
Chupa a gente que nem caju
Trepa, trepa, que nem chuchu!

Pixé

Moisés Martins

MILHO TORRADINHO SOCADO,
CANELA AÇUCARADA,
A BRANCA PURA DAQUELA GURIZADA
DO TEMPO DO CAMPO D’OURIQUE,
QUANDO A PANDOGA, O FINCA-FINCA
O BUSCAPÉ E O TRIQUE-TRIQUE
PINTAVAM O CÉU COM PINGOS DE LUZ
É TEMPO BOM
QUE NÃO VOLTA MAIS,
SÓ NA LEMBRANÇA DE QUEM FOI MENINO,
E HOJE É RAPAZ.
MILHO TORRADO BEM SOCADINHO
AH! QUE SAUDADE DO MEU TEMPO DE MENINO,
UM DIA AINDA VEREI EU TENHO FÉ
MEU NETO, MEU NETO
COM A BOCA TODA SUJA DE PIXÉ!

Letra de: Moisés Martins.

O sol tá quente prá daná; tá, tá, tá, tá.
O calor tá de matá; tá, tá, tá.
Prá refrescá, oi,
Prá refrescá, oi.
Vou me banhá nas águas do Cuiabá.

Quando mergulho nestas águas,

Sinto o corpo arrepiar,
Lembro das belas viagens,
Que eu fiz a Corumbá.

Das chalanas preguiçosas,
Regiões do pantanal,
Do doce beijo das águas,
Cuiabá e Paraguai.

Dourado peixe,
Peixe dourado,
Vai dizer prá natureza,
Devolver o meu passado.