O humilde trovador das belezas de nossa terra

A Poética do Sentimento Cuiabano – Vol. II

Observação: todas estas peças poéticas, foram transformadas em composições, com a parceria do grande músico Pescuma.

BANDINHA.

Homenagem à Mestre Inácio.
Letra e música de: Moisés Martins.

A lágrima a rolar,
Prá saudade lavar.
Ainda estou ouvindo
A bandinha tocar.
Hoje é Domingo, a bandinha vai tocar,
Lá no coreto, prá bugrada passear.
“Aufa” de gente, já está a esperar,
Mestre Inácio já me disse
Que vai botar prá quebrar!
Ai que saudade
Ai que me dá
Da minha bela
e querida Cuiabá.

lambari na cuia, pititi e patatá
belas valsinhas, dobradinhos vão tocar,
belos rasqueados; rapariga da Guarita,
chifrando vento, este não pode faltar.
Ai que saudade
Ai que me dá
Da minha bela
E querida Cuiabá

TIPOS POPULARES.
Letra de: Moisés Martins.

Toda cidade tem seus tipos,
Cuiabá também, os tem.
Uma cidade sem eles,
Vive cheia de ninguém
A cidade vive dos que vivem nela,
Já dizia o grande locutor.
Sem eles qualquer cidade,
Seria um jardim faltando flor.
Tipos populares boêmios sem fim.
Nos bares, becos esquinas
Vivem felizes, sim!

Viva cobra fumano,
Maria Peta, Zé Bolo Flô.
Em cada esquina uma saudade.
Em cada canto uma canção de amor.

 

MARIA TAQUARA.

Letra de: Moisés Martins.

Maria Taquara, Maria meu bem.
Mulher de todos, que não é de ninguém.
Taquara de dia, de noite meu bem,

Maria Taquara, não é de ninguém.

Muié de sordado, de Meganha também.
De dia Maria, de noite meu bem.

Maria é Cuiabá, Cuiabá é Maria
Não importa se é noite, não importa se é dia.
Maria é Taquara,
Taquara é Maria,
Avançada no tempo,
Mulher fantasia.

 

ANTONIO PETETÉ.
Letra de: Moisés Martins.

Manquetolava e dizia:
“só dosto de menino do Tolégio”

Antonio Peteté, Peteté, Peteté, Peteté.
Qual Chapa e cruz que consegue não lembrar.
Da vida boa da velha Cuiabá,
Que nem o tempo consegue apagá.

Qué sabê o que tenho pro cês;
Senta aqui arrodeia três vez.

 

GENERAL SACO
Letra de: Moisés Martins.

Marcha “sordado”
Cabeça de “papé”

Se não marcha direito
Vai preso pro quarté.

Não encha o saco, minha vida é mesmo assim,
Tenho uma tropa que é fiel só prá mim.
Sou o General Saco, sou feliz assim.
Não tenho começo, nem meio, nem fim.

Sou estátua viva,
Nas esquinas de Cuiabá.
E nem o senhor tempo,
Vai conseguir me matá.

Tenho postura de nobre.
Medalha de prata.
Meu ouro é o cobre,

Minha pele é de prata!

 

FURRUNDU.
Letra de: Moisés Martins.

Furrundu doce do pau,
Do pau do mamoeiro
Até parece com uma dança,

Mas é só doce caseiro.

 

Rala, rala, raspa, raspa.
Esse pau todo grudento.
Rala, rala, raspa, raspa,
Esse pau que é alimento.

O leite que dele escorre,

Quando o pau é decepado.
Lembra um certo caldinho,
Grudento que nem melado.

O choro do pau no leite,
Que nem sentimento tém
O leite contigo fica,
A doçura comigo vem!

 

COXIPÓ DO COXIPONÉ

Letra de: Moisés Martins.

Cresci banhando nas águas do Coxipó.
Cristalinas dava inté prá ispiá,
O bailado das piraputangas,
De lá prá cá, de cá prá lá.

No tempo em que o Coxipó, né?
Era do coxiponé.
Grandes figueiras, gostosos sombreados,
Ponte de Ferro, Praia Rica,
Pic-nic nos feriados.

Ah! Meu Coxipó!
Tão querendo te matá!
Mas meu Jesus é grande
E jamais há de deixá!

 

QUÉ SABE D’OUTRA?
Letra de: Moisés Martins.

Tomo banho de corgo,
Como petchê cô maxixê,
Bolo de arroz, arroz cô pequi
Sô larido por lambari,
Pescado lá na Prainha.
Gosto de festa, de procissão,
E bebê água na biquinha.

Rebuço no rasqueado,
Tomo pinga cô raiz.
Não perco uma pescaria.
Meu negócio é alegria,
Quero mesmo é ser faliz!

Qué sabê D’Outra?
Chupo pitomba no Morro da Luz,
Sou devoto de São Benedito,
Sou cuiabano de Chapa i Cruz!

 

GURI CUIABANO.
Letra de: Moisés Martins.

Bom de bola,
Cabra da peste,
Guri digoreste…

Óia o pé de moleque,
Pirolito, francisquito,
Bolo de queijo e cuzcuz.
Óia o cuiabaninho, chapa i cruz!

Guri daqui,

Tem gosto de alegria,
Mistura de pixé,
Picolé e pescaria.

 

QUEM BEJÔ, BEJÔ.
Letra de: Moisés Martins.
Quem bejô, bejô,
Quem não bejô, não beja mais.
Pode fechar o “caxão” Maria,
Dexá o defunto em paz!

Eh! Cumpadre Gumercino,
Era um cara muito bom,
Até que um dia resorveu morrer.
Comeu cabeça de boi,
Cabeça de boi lá na guarita.
Eta meu pobre coitado,
Morreu supitado,
Morreu supitado.

Eta meu cumpadre,
Como foi marcá bobeira,
Virou defunto fresco,
Vestiu terno de madeira.

 

LOIRINHA MATO-GROSSENSE.
Letra de; Moisés Martins.

Rosto encantado, cabelos doirados.
Beijados pelo sol tropical.
Olhos azuis , esverdeados, amendoados,
Imitando as cores do pantanal.

Pele de louça.
Lábios carnudos, doces “quenem caju”
Tem molejo requebrado,
Prá dançar o rasqueado,
Que me deixa apaixonado,
Feito festa cururu.

Loirinha mato-grossense,
Tem a cor do pequi
Mato Grosso é diferente,
Até as loirinhas daqui.

 

O SOL TÁ QUENTE PRÁ DANÁ.
Letra de: Moisés Martins.

O sol tá quente prá daná; tá, tá, tá, tá.
O calor tá de matá; tá, tá, tá.
Prá refrescá, oi,
Prá refrescá, oi.
Vou me banhá nas águas do Cuiabá.

Quando mergulho nestas águas,

Sinto o corpo arrepiar,
Lembro das belas viagens,
Que eu fiz a Corumbá.

Das chalanas preguiçosas,
Regiões do pantanal,
Do doce beijo das águas,
Cuiabá e Paraguai.

Dourado peixe,
Peixe dourado,
Vai dizer prá natureza,
Devolver o meu passado.

 

CADÊ MEUS BECOS.
Letra de: Moisés Martins

CADÊ MEUS BECOS?
EM CADA ESQUINA UM CHINFRIM
EM CADA BOLICHO UM BÊBADO ALEGRE,
TRANÇANDO AS PERNAS, ANSIM ANSIM !

BECO SEM UM CARA CHAMADO CHICO
SEM MOAGEM, SEM FUCHICO,
SEM VIRA-LATA QUE LATE,
SEM BISCATE SEM DONZELA
NAMORANDO NA JANELA,
SEM FEIJOADA NA PANELA,
SEM CARINHO DO PEIXEIRO
SEM O GRITO DO PADEIRO
SEM PAGODE, SEM RASQUEADO.
NÃO É BECO, NÃO !

ONDE ANDAM OS MEUS BECOS?
DO SOVACO, QUENTE, TORTO,
URUBU, SÃO GONÇALO, CANDIEIRO!

CADÊ MEUS BECOS, CADÊ MEUS BECOS
CADÊ MEUS BECOS?
ENTRE PRÉDIOS E ARRANHA-CÉUS, ABAFADOS.
MORRENDO SEM ALENTO…
LEVANDO TUDO QUE DEUS ME DEU,
SEPULTADO PELO TEMPO.

CADÊ MEUS BECOS, CADÊ MEUS BECOS,
CADÊ MEUS BECOS?

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